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Organizações indígenas

Na década de 1980, surgiram associações e organizações indígenas em diversas regiões do Brasil. No entanto, foi após a promulgação da nova Constituição Federal em 1988 que essas entidades se multiplicaram, graças à possibilidade de se constituírem como pessoas jurídicas.


Essas novas formas de representação política representam a adoção, por alguns povos indígenas, de mecanismos que lhes permitem interagir com o mundo institucional da sociedade nacional e internacional. Além disso, possibilitam a gestão de demandas territoriais (como a demarcação de terras e o controle de recursos naturais), assistenciais (incluindo saúde, educação, transporte e comunicação) e comerciais (como a colocação de produtos no mercado.

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A Articulação de Mulheres Indígenas no Ceará – AMICE foi criada durante a I Assembleia Estadual de Mulheres Indígenas do Ceará, realizada em maio de 2007, na aldeia Monguba, da etnia Pitaguary. Neste encontro, foi formada a AMICE, com o objetivo de unificar e organizar a luta das mulheres indígenas de todo o Ceará, como também para refletir seus papéis dentro do movimento indígena. Nos últimos anos, algumas mulheres indígenas no Ceará têm participado de inúmeros fóruns e coletivos de âmbito regional e nacional. Essa participação tem gerado acúmulo de experiências e de informações que necessitam ter um espaço de socialização entre as diversas mulheres que compõe o movimento organizado de mulheres indígenas. As mulheres indígenas têm avançado em todo o país no processo de articulação e na compreensão e defesa de seus direitos específicos e a criação da AMICE só vem a corroborar tudo isso.

 

Em 2019, a luta das mulheres indígenas contra a violência doméstica redundou na criação da Lei Estadual Nº 17.041 conhecida como Lei Diana Pitaguary, cujo principal objetivo é conscientizar estudantes de escolas indígenas sobre temas como violência contra a mulher, o feminicídio e a importunação sexual. Diana Pitaguary era uma jovem indígena que foi brutalmente assassinada por seu então companheiro e em defesa da memória de Diana e na defesa da vida das mulheres, foi aprovado o referido projeto de lei que visa combater a violência doméstica contra as mulheres indígenas. Nos últimos anos a AMICE deu visibilidade a militância incansável e árdua das mulheres indígenas do Estado do Ceará, foi através da organização que as lideranças indígenas femininas conseguiram entender o seu papel fundamental e indispensável dentro dos movimentos sociais locais, regionais e nacionais, como ato de resistência. A organização tem a sua composição formada apenas por mulheres indígenas do estado, sua coordenação é constituída por representantes mulheres das mais diversas etnias do Ceará, dando maior representatividade.

 

Desde  2007, a AMICE busca fortalecer a luta das mulheres indígenas através de ações que garantam o protagonismo das mesmas nas instâncias de decisão de políticas públicas e na luta pela demarcação dos territórios indígenas.A AMICE é formada por mulheres indígenas do Ceará, essas mulheres se articulam em organizações locais de mulheres que em seus territórios promovem a defesa da vida e da dignidade humana das mesmas, também dialoga com a organização de mulheres indígenas da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo - APOINME e com o movimento de mulheres da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil- ANMIGA. Em relação ao movimento indígena cearense, a AMICE constrói as articulações em conjunto com as demais organizações indígenas: Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará-FEPOINCE, Organização dos Professores e Professoras Indígenas do Ceará-OPRINCE e Coordenação de Juventude Indígena do Ceará-COJICE. A AMICE também se articula e dialoga com outros movimentos de mulheres através do Fórum Cearense de Mulheres.A trajetória da AMICE é marcada por desafios e conquistas. No contexto do Ceará, as mulheres indígenas frequentemente enfrentam ameaças e atos de violência, especialmente quando se organizam para proteger seus territórios, como é o caso das barreiras sanitárias implementadas para impedir a entrada de não indígenas. Essas ações são fundamentais para a proteção das comunidades, mas também expõem as mulheres a riscos adicionais.

 

A AMICE atua para atender essas mulheres, oferecendo suporte em áreas críticas como saúde mental e assistência jurídica, essenciais para que possam continuar sua luta com segurança e eficácia. Além disso, a AMICE tem sido uma voz ativa na busca por direitos e no combate ao feminicídio nas aldeias.  

 

https://www.instagram.com/amice_mulheresindigenas.ce

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